«Num país onde a tiragem média de um romance ronda os 2 mil exemplares, uma revista literária (ainda por cima dedicada a géneros marginais) com mais de 16 mil downloads só pode ser um sucesso!»
Por vezes é assim, as coisas correm melhor do que se esperava! Quando decidimos passar a revista BANG! do formato em papel para o digital, estimámos que, de 200 leitores, saltaríamos para, talvez, uns 5 mil. Quem sabe, com sorte, chegaríamos aos 10 mil. Mas 16 mil não nos tinha passado pela cabeça. No entanto, aí estão eles, mais de 16 mil downloads. É certo que nem todos os downloads terão sido lidos, outros não o terão sido na íntegra, mas mesmo assim continua a ser um número fabuloso. Afinal, num país onde a tiragem média dos romances ronda os 2 mil exemplares, uma revista literária (ainda por cima dedicada a géneros marginais) com mais de 16 mil downloads, só pode ser um sucesso!
Porque queremos que os leitores se mantenham fiéis ao projecto, é fundamental continuar a investir no conteúdo da revista. Passo a passo, queremos dar a conhecer o melhor que se faz na literatura fantástica. Para isso, é preciso publicar não só os nomes que fundaram o género, mas também aqueles que, seguindo na sua peugada, souberam ir mais longe e sem prescindir da originalidade. Afinal, não esqueçamos, uma das bandeiras da grande literatura fantástica é essa mesma originalidade.
Foi o que fizemos com o n.º 4 que tem nas mãos (ou será no monitor?). Dos clássicos norte-americanos, como Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft, até aos portugueses dos nossos dias, como João Barreiros e Inês Botelho. Fala-se muito no acordo ortográfico, mas a BANG! não tem de esperar por nenhum (des)acordo. Em português (do Brasil) Wolmyr Alcantara apresenta-nos um fabuloso conto de FC e, no bom e velho português (de Portugal), José Manuel Lopes mostra-nos que se pode escrever literatura de género sem prescindir da linguagem bela e cuidada que muitos julgam exclusiva dessa aberrante denominação que dá pela expressão de grande literatura.
Mas porque a revista BANG! não é apenas ficção, António de Macedo partilha connosco a sua cultura, inteligência e paixão num ensaio soberbo sobre as cidades míticas. Não tanto as reais, de pedra e barro, mas sim as da imaginação, feitas de ideias e conceitos. Não são essas, na verdade, aquelas onde gostaríamos de viver?
Para finalizar, devemos pedir desculpa pelo atraso de mês e meio neste número. Vamos fazer os possíveis para que não volte a acontecer. O n.º 5 já está a ser trabalhado e promete ser o melhor de todos. Mas para já, fiquemo-nos com este. Um abraço e até Julho!
*O presente texto segue a ortografia pré-Acordo Ortográfico
Editorial da revista BANG! N.º 4, publicada em abril de 2008